Traduções de poemas e histórias curtas
ORIGINAL
Old man from Peru
BY SAMUEL STOKES
There was an old man from Peru
Who dreamt he was eating his shoe.
He awoke in a fright
In the middle of the night
And found it was perfectly true.
TRADUÇÃO
Um velho argentino
POR SAMUEL STOKES
Um velho argentino esganado
Sonhou que comia um calçado
Um susto levou
Uma noite acordou
Mastigando com gosto o solado.
Nesta tradução do Limerick “There was an old man from Peru” escolhi priorizar a sonoridade, e a métrica para preservar o gênero.
Tendo a minha prioridade em mente, tive que fazer diversos sacrifícios e mudanças pensando na métrica do original, como traduzir “Old man from Peru”(Um homem velho do Peru) do original, como “um velho argentino esganado”, perdendo assim a informação do país de origem do velho, essa escolha foi feita pois se eu mantivesse “Peru” não conseguiria manter a métrica do original, e o país não é de fato uma informação importante para entender o Limerick, ou não traduzir “middle”(meio) de “In the middle of the night”(no MEIO da noite) da penultima linha do original, pois saber que o velho acordou no meio da noite não é uma informação importante para entender o Limerick, e traduzir essa palavra tornaria mais difícil manter o esquema métrico do original.
Também levei em conta o entendimento do leitor, e tive que modificar” And found it was perfectly true.”(e percebeu que era verdade) do último verso do original como “mastigando com gosto o solado” para que ficasse claro ao leitor a mensagem que o autor quis passar. Poderia ter traduzido como “seu sonho se fez fundado”, mas assim seria difícil de entender a mensagem de que o velho estaria comendo o solado.Na última linha poderia ter colocado “calçado” novamente, mas como no original a segunda linha rima com a última, eu não poderia colocar a palavra e rimar “calçado” com “calçado”, então tive que mudar para “solado”.
ORIGINAL
Insomniac
BY MAYA ANGELOU
There are some nights when
sleep plays coy,
aloof and disdainful.
And all the wiles
that I employ to win
its service to my side
are useless as wounded pride,
and much more painful
TRADUÇÃO
Insone
POR MAYA ANGELOU
Há noites que
o sono se faz de tímido
distante e desdenhoso
E todos os blefes
que uso para ter
seu serviço querido
são tão inúteis quanto orgulho ferido
e muito mais dolorosos
Nesta tradução do poema “Insomnia” de Maya Angelou, escolhi priorizar a concisão com texto original e manter sua fluidez e esquema de rima.
Para fazer isso, tive que mudar o sentido de algumas partes e omitir uma palavra.
Como por exemplo : na frase “ plays coy” (faz tipinho) do original e traduzir como “se faz de tímido”, que infelizmente não é exatamente o mesmo sentido que a autora do quis passar.
Ou na palavra “wiles”(artimanhas), que no original a autora utiliza no sentido de uma cilada/ação astuta, tive que traduzir como “blefes”, que em minha opinião muda um pouco da impressão que o poema original passa, mas que foi necessário para evitar causar estranheza no leitor.
Levando em conta esquema de rimas do original, tive que traduzir “its service to my side”(seu serviço para o meu lado) como “seu serviço querido” para rimar com “ferido” da linha seguinte, mudando assim um pouco do sentido que a autora quis passar, e por fim, pensando na fluidez, não traduzi “some” de “there are some nights” da primeira linha, mas felizmente consegui manter o mesmo sentido.
ORIGINAL
Hope
BY EMILY DICKINSON
‘Hope’ is the thing with feathers —
That perches in the soul —
And sings the tune without the words —
And never stops — at all —
And sweetest — in the Gale — is heard —
And sore must be the storm —
That could abash the little Bird
That kept so many warm —
I’ve heard it in the chilliest land —
And on the strangest Sea —
Yet, never, in Extremity,
It asked a crumb — of Me.
TRADUÇÃO
Fé
POR EMILY DICKINSON
A fé é algo com plumas
Que pousa sobre a alma
Canta sua canção sem letra
E nunca, jamais para
e mais doce no vendaval,
E forte é a tempestade
Que acanhe o pequeno pardal
Que traz felicidade
Ouvi na terra mais fria
No mar mais inusitado
Mesmo assim, em nenhum dia
Um petisco me foi requisitado
Nesta tradução do poema “ Hope”, procurei manter o contraste de estrofes do poema original e o esquema de rimas, sempre levando em conta também a sonoridade.
Tive que fazer alguns sacrifícios de sentido na tradução do poema para à cima de tudo manter as rimas do original
Por exemplo traduzir “little bird”(pequeno pássaro) como “pequeno pardal” para manter a rima com “vendaval”, assim classificando a ave como uma certa espécie de pássaro, coisa não feita no original. Tive também que traduzir “It asked a crumb- of me”(pediu migalhas a mim) como “um petisco me foi requisitado”, para que “requisitado” rimasse com “inusitado” de duas linhas à cima, mantendo assim a rima, mas infelizmente causando certa estranheza ao leitor, já que a palavra “requisitado” causa uma certa quebra no ritmo do poema.
ORIGINAL
THE SENTRY (1954)
BY FREDRIC BROWN
He was wet and hungry and cold and he was fifty thousand light years from home. He was on a damned planet he did not know. War never changes. After thousands of years it was still very easy for the pilots, high up in their shining spaceships with all their sophisticated weapons. After thousands of years it was still the ordinary soldier’s task, the infantryman, to fight the enemy and die in battle. The aliens were there too. The aliens, the only other intelligent race in the galaxy, cruel, horrible monsters.
The first contact with the aliens took place in the centre of the galaxy, and war broke out immediately. They started to shoot; they did not try to negotiate or to make peace. Now the war continued, planet by planet.
He was wet and hungry and cold; the fierce wind hurt his eyes. But the aliens were there, ready to infiltrate and all the positions were vital. He stayed alert,his gun ready. And then he saw one of them creeping towards him. He aimed his gun and opened fire. The alien made that strange horrible cry they all make, and then a deathly silence. It was dead. The sight of the dead body made him shudder. They were horrible disgusting creatures, with only two arms, two legs, two eyes, and awful white skin and without scales.
TRADUÇÃO
O SENTINELA (1954)
POR FREDRIC BROWN
Ele estava molhado, enlameado, com fome, frio e há cinquenta mil anos-luz de casa. Um estranho sol azul estranho dava luz a seu redor, e a gravidade era duas vezes o que ele estava acostumado, fazendo com que cada movimento fosse difícil. Mas em dezenas de milhares de anos essa parte da guerra não mudou. Os aviadores estavam ótimos com suas espaçonaves e armas extravagantes. Porém, no fim do dia ainda era o soldado de infantaria, que tinha que tomar o chão e segurar a linha, um passo após o outro Assim como este maldito planeta, uma estrela que ele nunca ouviu falar até ter aterrissado lá. E agora era um solo sagrado porque os alienígenas também estavam lá. Os alienígenas, a única outra raça inteligente na Galáxia, monstros cruéis, horríveis e repulsivos.
Contato havia sido feito com eles perto do centro da galáxia, após a lenta, e difícil colonização de uma dúzia de milhares de planetas, e tinha sido guerra à vista eles atiravam sem sequer tentar negociar, ou fazer a paz. E agora, planeta por planeta estava sendo disputado.
Ele estava molhado,enlameado,com fome,frio, e o dia estava cru com um intenso vento que machucava seus olhos. Mas os alienígenas estavam tentando se infiltrar, e cada ponto de vigília era vital. Ele ficou alerta, e arma aposta. Cinqüenta mil anos-luz de casa, lutando em um mundo estranho e se perguntando se viveria para voltar para casa. E então viu um deles rastejando em sua direção. Ele mirou a arma e disparou. O alienígena fez aquele som estranho e horrível que todos eles fazem ao morrer e ficou imóvel. Ele estremeceu com o som e a visão do alienígena ali deitado. É normal ser capaz de se acostumar com eles depois de um tempo, mas ele nunca foi capaz de fazê-lo. Tão repulsivas criaturas eles eram, com apenas dois braços e duas pernas, peles brancas medonhas e sem escamas.
ORIGINAL
A Poison Tree
BY WILLIAM BLAKE
I was angry with my friend;
I told my wrath, my wrath did end.
I was angry with my foe:
I told it not, my wrath did grow.
And I waterd it in fears,
Night & morning with my tears:
And I sunned it with smiles,
And with soft deceitful wiles.
And it grew both day and night.
Till it bore an apple bright.
And my foe beheld it shine,
And he knew that it was mine.
And into my garden stole,
When the night had veild the pole;
In the morning glad I see;
My foe outstretched beneath the tree.
TRADUÇÃO
Uma árvore venenosa
POR WILLIAM BLAKE
Eu estava bravo com meu amigo
Confessei minha fúria, ela cessou
Eu estava bravo com meu inimigo
Não confessei, minha fúria havia crescido
A reguei em pavor,
dia e noite com meu plangor:
a banhei não com sol, mas com sorrisos,
e tramoias ardilosas.
Ela cresceu tanto dia quanto noite
até que uma maçã, de repente elevou-se
meu inimigo a viu resplandecer
e sabia que minha tinha de ser
Meu jardim então; ele adentrou
Assim que a noite se manifestou
Na manhã, feliz constato
Debaixo da árvore meu inimigo acabado e inanimado.
since feeling is first
BY E. E. CUMMINGS
since feeling is first
who pays any attention
to the syntax of things
will never wholly kiss you;
wholly to be a fool
while Spring is in the world
my blood approves,
and kisses are a better fate
than wisdom
lady i swear by all flowers. Don’t cry
– the best gesture of my brain is less than
your eyelids’ flutter which says
we are for each other; then
laugh, leaning back in my arms
for life’s not a paragraph
And death i think is no parenthesis
Já que o sentimento vêm antes de tudo
POR E.E. CUMMINGS
Já que o sentimento vêm antes de tudo
aquele que presta atenção na sintaxe de tudo
nunca irá te amar por completo
Só nos resta sermos um tolo por completo
enquanto houver Outono no mundo
meu sangue aceita e concorda,
e beijos são um destino muito melhor
que o conhecimento
e isso eu juro em nome de todas as flores. Não chore,
mesmo o melhor gesto que consigo imaginar, teria menos significado
que o fechar de tuas pálpebras, o que me diz que somos feitos um para o outro
então ria, se apoiando em meus braços, pois a vida não é um parágrafo,
E a morte, ao meu ver, não é um parênteses.